domingo, 19 de dezembro de 2010

its summertime and living is easy

eu não sei escrever, e isso basta pra eu continuar escrevendo

meus pensamentos ocultos ainda permeam tudo que minha vista capta
é o sentido crú, a psique desemenbrada, a colisão entre afeto e formalidade,a boa intenção vítima da frustração. todos os caminhos escreveram uma história.
cultivo com oq a palavra ainda não alcança, meus prazeres particulares, esculpidos por singelezas, por tudo que me arrepia a pele, que está quase fora de mundo, com o que avisto de longe, com o que não tem o toque humano

Voltei as pazes com aquela tristeza que humaniza, que remói e não mata...voltei a luz da sanidade, a contemplar a manhã, pensando em teorias, no café da manhã, e como vai fundo o vento
meus prazeres discretos e sutis vão além de uma festiva reunião de família, com vicios, e sorrisos. Só se pode estar triste, quando se está bem.

Quando eu choro, eu preciso me olhar no espelho, verificar que sou eu mesma alí,de volta a mim, que enxágua a pintura do olho, que cora o rosto da palidez social, a q retornou das ruas sujas da luz, das rugas do cotidiano, do cheiro acumulado das pessoas, do aspecto do trem, sua sumptuosa estaçao, as entidades históricas pela cidade, como pano de fundo de vidas rápidas, que passam, nas ruínas da sociabilidade, das mulheres, dos homens, das maiorias que vibram com efemeridades, que sente algo que de leve lateja, que de leve incomoda, mas se sentir mal é fraqueza, então dissipam-nas em noites breves, mágicas, que como reminiscências, trazem o sentido de estar aqui, vivo.
A sujeira me traz algo por ver, real, além da miséria da beleza.
É preciso muito para se viver e nada para ser feliz.

Carrego na minha barriga um coração que bate forte,fortíssimo, acelerado, vivo, latejante, de batida compulsiva, carrego-o em contradição com tudo por onde passo.
Eu penso que sempre quis estar aqui, andando pela rua, me permitindo não pensar, só imaginando pra onde vai cada um, se há algo maior do que o oi, o tchau, o riso e a maldade fácil.
talvez seja apenas desconfiança...

pra não ter que esquecer que o amor existe, e que relações não são escupidas em vaidades e compensações, pra não ter que pensar em Freud sempre que algo agride, sempre que sinto em cada discreto comentário uma oposição velada...eu precisei criar um outro ser.

as relações são caricatas, e afirmar isso não é necessariamente concordar, é entender que é assim que as coisas são entendidas e reproduzidas.

Meu incômodo é fundamental, porém toda manhã é grande e fresca, e eu agradeço.


vendo o domingo num pôr do sol, e ouvindo Sarah Vaughan

sábado, 23 de outubro de 2010


alguma coisa em mim entrega
assim como a nudez que se deixa espiar











foto por Diane Arbus

domingo, 10 de outubro de 2010

I just had an epiphany

apesar do que pesa, eu tenho muitas pequenas epifanias.Hoje o olhar náo é cru. Compreendo que a realidade compreende várias outras. a que inventamos, a que que nao entendemos, a que sonhamos, a que deliramos, a que abstraímos. A realidade contorna os limites do devaneio. Fugir de tudo, é náo ser tragado. é retorno. O mundo é mais nítido, porém náo menos contraditório e hedonista. De tudo que faz pensar, sentir, escapar; o meu exílio praiano, no ar, eu, em tudo. pude me extrapolar, maior do q as coisas q afligem. sentir profundamente o que náo se explica, qse tatear oq nao se vê. o que traz a grandeza do simples, foi solitário, penoso. Hoje sou dois, no amanhã.
e antes de julgar pela incompreensáo, digo: implica numa travessia pessoal
a palavra que só existe pra nós.


Tem algumas coisas que a gente se identifica de cara. é táo intimo q é dificil discernir. tem uma frase q diz, q mulher se desculpa pela sua força. achei isso bem intimamente feminino.
e tem inspiraçoes q a gente nem sabe de onde.. essa música na minha cabeça,o Frusciante tah ligado
http://www.youtube.com/watch?v=q9l8q83kj8M

You don't throw your life away
Going inside

terça-feira, 15 de junho de 2010

..

de passo em passo, de ponte voz com silêncio
fechada, com braço, com cara, gorjeia ímplicito e em comum,
um murmúrio ao vento nú de noite
irreconhecendo-se na sombra que se define mais que si
delineando por onde sai, o que se pensa, quando nem se pensando está
e que sempre, sempre, mas por quê? sempre e enfim
compelida de sim, não? expelida pelo que sente
sempre, é a desmedida repetição.
pasmada e mais e mais, um súbito com o que já não é novo ao olho
quando se depara com o incôndito, do que acende,
subliminar, define, definha.
o que poderia simples se traçar como vida, assim?
quatro letras trazem muito aperto
e esconde anseio, por trás do que há por atrás,
e por nós, mas quê?
é um silêncio que tudo guarda, toda a impressão de mundo
um monólogo mudo, arfante sem ai,
no mundo nem sempre se está pronto,
e quando se apronta pra tudo, cai?

sábado, 22 de maio de 2010

amor livre é redundância

quarta-feira, 19 de maio de 2010

em nós não cabia poesia, não se pensava sobre ar, não se pensava sobre o dia
erámos engenho sem ciência. a curiosidade de um sentimento
germinado em nossos beijos. cavando nosso instinto, tumultuando nosso silêncio
corando nosso rosto, instalando nosso código.
seu cheiro barato pela tarde, sua mão o céu áspero. me deitei na sua órbita
me deixei no mundo, por aí flutuei, em nós dois, em quatro, 360.
nesta órbita o ciclo se encerra, e em algum lugar comum da história nossa pele se esbarra.
o eixo da terra se desloca, e assim anoitece em nossos sonhos.
se vê que escurece rapidamente, em um tempo a mais na rotina,
na rotina que repousa a novidade, e ao fim o amor que em vento pó vira
e o nosso tempo passou

...

Há um ano, eu caminhava pela rua e fazia planos, achando q um ano, é tempo suficiente para que um ano, seja passado demais.
E hoje, um ano a frente, andando pela mesma morosidade de ventos e ruas, eu ainda não tenho nenhuma grande conclusão sobre o que um ano pode significar. sei que são 365 dias, em q nada pode acontecer, compreendendo 365 dias cheios de possibilidades também. eu mudei, e mudo nas mesmas ruas em que penso que nada pode mudar, por que é um pensamento que me leva para além do que eu sou, e para além das ruas que estou.
o vento, a tarde, a rua, e aquela velha onda, ainda estão lá, imóveis, comtemplativas, esperando mais um passo passar em pensamento

essa poesia abaixo eu fiz em parceria com o Otto João Leite, assinatura do meu bom amigo Paulo Marques,e figura as mesmas sensações de um ano atrás, ainda presente.
!Gira mundo, gira!


Essa paz
(Thais / Otto João Leite)

Há nessa paz algo de aterrorizante
em cegos e mudos transeuntes,
intransigentes e inflexíveis
Que faz do senso comum amiga da opressão
Mentes engessadas inimigas da razão
O medo que repousa sobre a paz dos rostos sorridentes
Na felicidade infundada da classe emergente

Há nessa paz de espírito
um comportamento fabricado, convencional
a invenção de Deus, um culto surreal

Há nessa paz e amor
a guerra e o ódio
as mortes, o genocídio, a honra ao mérito
de fazer da morte uma constante
a troco de tudo, a troco de nada

Há nessa paz de dia ensolarado, praiano
a perpetuação da ludribriação das massas
Um ocultismo mórbido, um ocultismo pessoal
Sobre todas as mazelas
Sobre o que é humanamente imoral

Sobre as catástrofes, sobre a crise
a gripe, o capital

Há nessa paz imaginária a supremacia do mal
sobre os sonhos, sobre as vontades
sobre a liberdade, a integridade, sobre o real.

Há nessa paz algo que se esconde
nas vidas, nas entranhas, nas entrelinhas
se difunde, se propaga e contamina
no pensamento, ao vento
sobre a leve sensação de não pensar
de não gozar, de não sentir, de não lutar
de não poder resisitir
de se entregar...

à essa paz mórbida que silencia
sobre o horror, que silencia
sobre a vida, silencia sobre o amor

Essa Paz Essa cotidiana
É a mordaça que nos sufoca
É a casca dura e seca
Que encobre a erupção
É a placa tectônica plácida
Sobre a torrente de lava escaldante
Tampa que arrocha
A panela de pressão chamada mundo

Essa paz provinciana
É a cortina que oculta os bastidores
É o teatro que encena fiel o texto
Escrito e ditado pelos senhores
É o isolamento, a separação
Dos átomos irresolutos
Em ebulição
Debatendo-se em tumultos
Essa paz de apatia
Asséptica, anêmica, amórfica

Essa paz hospitalar
Encapsulada, inerte, filantrópica
Métrica, sistêmica, tumular
Que mortifica, mede e quantifica
Quadricula e classifica
Mantém cada coisa em seu lugar

Essa paz que me faz sentir incapaz
Que cala o grito do inocente
É o aperto do capataz
No pescoço, inclemente
Construída sobre guerra
Miséria humana, bactéria
Icterícia, exploração e tropa de choque
Despejo, vigilância, reintegração de posse

Essa paz tão falsa e ilusória, tão efêmera
Que só poderá ser mantida
A toque de recolher

Essa paz comprada e vendida
Fabricada, planejada e produzida
Mordaça que nega a vida
E que se retorce, tentando conter

O grito e o alvorecer
O retorno do banido
A vingança do vencido
A inversão do sentido
O grito de dor contido
A irrupção do amor reprimido
A realização do sonho incompreendido


(Maio de 2009)